Operação Retomada II revela a complexidade do crime organizado e o impacto do contrabando no Rio Grande do Norte
Em uma das maiores apreensões de produtos ilegais já registradas no Rio Grande do Norte, a operação Retomada II, deflagrada em setembro de 2025, resultou na apreensão de 760 mil maços de cigarros contrabandeados. A ação conjunta da Polícia Civil, Polícia Federal e Receita Federal expôs não apenas a dimensão do mercado ilegal de tabaco no estado, mas também a estrutura bem articulada de uma organização criminosa que atua há anos na região.
A primeira fase da operação ocorreu em 2 de setembro, quando agentes localizaram um grande galpão no município de Macaíba, na Grande Natal. No local, foram encontrados 356 mil maços de cigarros de origem estrangeira, sem qualquer documentação fiscal. Seis pessoas foram presas em flagrante, e três veículos utilizados na logística da quadrilha foram apreendidos.
Dois dias depois, a segunda fase da operação aprofundou as investigações. Com o cumprimento de sete mandados de busca e apreensão, as equipes de segurança apreenderam mais 404 mil maços de cigarros, além de documentos fiscais, computadores, celulares e registros contábeis. Outros dois indivíduos foram presos por contrabando e por tentativa de destruir provas durante o cumprimento dos mandados.
Uma estrutura criminosa sofisticada
Segundo os investigadores, a quadrilha vem atuando desde pelo menos 2024, operando a partir da Grande Natal e abastecendo diversos pontos de venda no estado e em regiões vizinhas. As investigações também revelaram que a organização utilizava empresas de fachada, transporte clandestino e até estratégias de disfarce logístico para evitar a fiscalização.
O caso ganhou contornos ainda mais graves ao ser associado a uma tentativa de homicídio contra agentes da Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (DEICOR) e servidores da Receita Federal. O ataque ocorreu em setembro de 2024, no município de Monte Alegre, e levantou o alerta sobre o nível de periculosidade e ousadia do grupo criminoso.
Impactos econômicos e sociais
O mercado ilegal de cigarros representa um prejuízo bilionário aos cofres públicos brasileiros. Além da perda de arrecadação, o contrabando financia outras atividades criminosas, como o tráfico de drogas e armas, e compromete políticas de saúde pública, ao facilitar o acesso a produtos sem controle sanitário.
A carga apreendida na Retomada II está avaliada em milhões de reais e, segundo estimativas da Receita Federal, sua comercialização irregular poderia causar um impacto significativo na arrecadação de impostos estaduais e federais.
População como aliada no combate ao crime
As autoridades ressaltam que denúncias anônimas têm papel crucial em operações como essa. Informações podem ser repassadas por meio do Disque Denúncia 181, com garantia total de sigilo. A colaboração da sociedade é considerada fundamental para enfraquecer as redes de contrabando e proteger a economia local.
“O combate ao contrabando vai além da repressão: é uma questão de segurança pública, saúde e justiça fiscal.”
— Nota conjunta das instituições envolvidas na operação Retomada II