O líder do Hamas, Khalil al-Hayya, anunciou nesta quarta-feira (8) o fim da guerra com Israel. Segundo ele, o grupo recebeu garantias de que será implementado um cessar-fogo permanente. O anúncio acontece após intensas negociações lideradas pelos Estados Unidos, com apoio de Catar, Egito e Turquia.
O acordo, firmado quase um ano após o início do conflito, ainda precisa ser oficialmente aprovado pelo gabinete de governo israelense. A expectativa é que a libertação de todos os reféns vivos ocorra até segunda-feira (13).
O conflito teve início em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque surpresa contra Israel, matando mais de 1.200 pessoas e sequestrando 251. Em resposta, o governo israelense lançou uma ofensiva militar em Gaza que deixou mais de 60 mil mortos, segundo autoridades locais ligadas ao Hamas.
Atualmente, o grupo ainda mantém 48 reféns em seu poder. Israel estima que apenas 20 estejam vivos. O acordo prevê a devolução de todos, vivos ou mortos, em até 72 horas após a ratificação do cessar-fogo.
No entanto, um dos impasses é que o Hamas afirmou não saber o paradeiro de alguns corpos. Para resolver o problema, uma força-tarefa internacional foi montada para ajudar na localização dos desaparecidos, com participação de autoridades da Turquia, Estados Unidos, Catar, Egito e Israel.
Entre os principais pontos do acordo estão:
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Libertação de reféns;
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Troca por cerca de 2 mil prisioneiros palestinos;
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Recuo parcial de tropas israelenses da Faixa de Gaza;
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Ampliação da entrada de ajuda humanitária;
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Compromisso com uma transição política no território.
O plano proposto pelos EUA prevê que o Hamas deixe o controle de Gaza, entregue suas armas e permita a instalação de um governo provisório palestino, com posterior transferência de poder à Autoridade Palestina. O grupo, porém, ainda não confirmou o desarmamento, considerado condição essencial por Israel.
Internamente, o governo de Benjamin Netanyahu enfrenta resistência. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, ameaça romper com a coalizão caso o Hamas não seja totalmente desmantelado.
Apesar da pressão, Netanyahu classificou o acordo como uma “vitória nacional e moral”, destacando o retorno dos reféns como prioridade. A votação formal sobre o plano deve ocorrer ainda nesta quinta-feira (9).
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mediador direto das negociações, deve visitar Israel nos próximos dias. Ele afirmou que esta é apenas a “primeira fase” de um processo de paz mais amplo para a região.
Ainda restam dúvidas sobre pontos sensíveis do plano, como a transição de poder em Gaza, a real extensão do cessar-fogo e a garantia de desmilitarização do território. Mesmo assim, o anúncio marca o avanço mais significativo rumo à paz desde o início da guerra.



